terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Captei a mensagem

Quando você deixa o outro ir não dói mais.
Mas, porra! Porque é tão difícil deixar o outro ir?
Desapegar-se daquela pessoa por quem você cultivou paixão, sonhos, diálogos que não aconteceram e lembranças que parecem muito mais bonitas do que realmente são.
É difícil deixar o outro ir, deixar ir, soltar.
Soltar a mão de quem você queria por perto é quase uma tortura consentida.
É como se você estivesse se auto-sabotando, provocando dor a si mesmo.
Demorou muito até eu conseguir aprender e entender o quão bem faz o desapego.
Não digo esse desapego descarado, esse "pouco caso" e falta de responsabilidade afetiva que as pessoas têm chamado de desapego hoje em dia.
Eu estou falando sobre se entregar a despedidas, a aceitar que tudo começa e tem final. Que você precisa se reinventar, precisa viver coisas novas, com outras pessoas, em outros lugares, precisa fazer morada em outros corações e deixar outros fazerem morada em você.
Tudo que chega já vem com a partida.
Pode ser amanhã, daqui uma semana ou dez anos.
Mas tudo que nasce morre, é o ciclo da vida.
E impedir que este ciclo aconteça é se matar aos poucos, é viver uma morte constante, é viver um fim que não tem fim.
Soltar a mão de quem precisa ir é abrir as portas pra vida nova, pro recomeço, pra chegada inesperada.
Assim como um dia ele foi uma surpresa gostosa, um acaso maravilhoso, quase uma sorte tremenda! Outros também irão te fazer questionar a autenticidade daquele encontro. E quando o telefone tocar você vai sorrir de novo, o mesmo sorriso bobo que a gente entrega pra quem chegou recentemente. Seus braços vão querer abraçar o desconhecido, e tudo vai começar de novo, novamente, só pra ter que terminar depois. Terminar e começar, começar e terminar.
E quando você entender o ciclo da vida, você vai perceber que todo mundo que vai acaba deixando um pouco de si na gente. Acaba deixando uma música, um filme, uma palavra ou um perfume. Deixa aprendizado, deixa maturidade, deixa saudade gostosa de sentir.
E nada disso tem explicação, não precisa ter explicação. Tudo isso é viver.
É nascer mundo e morrer universo.
A gente não perde quando o outro se vai, a gente ganha uma história, um pedacinho de mundo pra gente crescer e ficar gigante.
Quase não cabendo dentro de nós.
Helena Ferreira

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